Diálogo com o Centro de Referência e Atendimento ao Imigrante (CRAI)
- CEMIR Comunicação

- 8 de out.
- 3 min de leitura

No dia 30 de setembro, o CEMIR participou do Diálogo com a equipe do Centro de Referência e Atendimento ao Imigrante (CRAI), equipamento público da Prefeitura de São Paulo. O encontro foi um importante momento de troca de conhecimentos e vivências sobre a realidade de trabalho da população imigrante e refugiada, com ênfase especial nas mulheres.
Entre os principais temas discutidos, destacaram-se 4:
Empregabilidade e acesso ao trabalho decente
Foi possível observar alguns avanços no campo da empregabilidade para pessoas migrantes, promovidos por determinadas empresas. No entanto, o acesso das mulheres imigrantes e refugiadas ainda é bastante limitado.
Muitas dessas mulheres possuem formação acadêmica e qualificação profissional, mas enfrentam dificuldades no reconhecimento de seus títulos no Brasil. Essa barreira as obriga, em grande parte dos casos, a se submeterem a empregos menos valorizados — como trabalhadoras domésticas, faxineiras, balconistas ou vendedoras — com baixa remuneração e exposição frequente ao racismo.
Além disso, mulheres negras africanas e indígenas relataram ser vítimas de assédio no ambiente de trabalho.
Como proposta, foi sugerido que as políticas públicas incluam ações de sensibilização junto às empresas, com o objetivo de orientar gestores e funcionários sobre protocolos de combate ao racismo e assédio, além de garantir que as trabalhadoras imigrantes conheçam seus direitos trabalhistas. Também foi sugerida a criação de materiais informativos para facilitar o acesso dessas mulheres à legislação trabalhista brasileira.
Barreiras linguísticas
Outro ponto levantado foi a dificuldade com o idioma português, especialmente entre as mulheres imigrantes. Nesse sentido, propôs-se que as políticas públicas ampliem e aprimorem o acesso a cursos de português, levando em consideração localização, dias, horários e metodologias adequadas, a fim de favorecer um aprendizado mais efetivo e inclusivo.
Condições de trabalho nas oficinas de costura
Foi debatida também a realidade das mulheres que trabalham em oficinas de costura, onde cerca de 65% atuam em condições precárias e informais. Muitas delas foram, ou ainda são, vítimas de trabalho análogo à escravidão.
Embora exista uma legislação para enfrentar esse tipo de violação, há limitações no acompanhamento pós-resgate: após um breve período de apoio, as mulheres enfrentam dificuldades para conseguir novos empregos e acabam retornando à mesma situação de vulnerabilidade.
A proposta apresentada foi fortalecer as políticas de empregabilidade, garantindo inserção efetiva no mercado de trabalho para mulheres resgatadas dessas condições.
Empreendedorismo e autonomia econômica
Por fim, discutiu-se a importância de incentivar o empreendedorismo feminino, por meio de capacitações e acesso facilitado ao crédito, permitindo que as mulheres imigrantes desenvolvam seus próprios projetos e ampliem sua renda, fortalecendo assim sua autonomia econômica.
A participação do CEMIR neste diálogo reforça o compromisso da organização com a defesa dos direitos das mulheres imigrantes e refugiadas, e com a promoção de políticas públicas mais inclusivas e equitativas.
Ao contribuir com reflexões e propostas concretas, o CEMIR reafirma seu papel como ponte entre a sociedade civil e o poder público, na busca por trabalho digno, igualdade de oportunidades e respeito à diversidade. Seguiremos fortalecendo espaços de escuta, diálogo e construção coletiva de soluções que garantam justiça social e dignidade para todas as mulheres.
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